quarta-feira, 1 de outubro de 2014

The Doors (The Doors, 1991)

Oliver Stone é um fã declarado dos Doors e Jim Morrison. 20 anos após a morte do ídolo, o diretor apresentou sua visão sobre a vida do poeta. Robby Krieger e John Densmore, respectivamente guitarrista e baterista da banda, resolveram entrar no barco e serviram como consultores, além de instruir seus intérpretes, Frank Whaley e Kevin Dillon, a tocar seus instrumentos em cena da forma mais fiel possível. O tecladista, Ray Manzarek, foi totalmente contra a ideia e resolveu ficar de fora, pois, formado em Cinema pela UCLA, preferia dirigir seu próprio filme sobre a banda e Jim Morrison. Ele não concordava com a visão de Oliver Stone.


Convenhamos, fazer um filme sobre um dos maiores rockstars e símbolos da contracultura norte-americana do final dos anos 60 não seria tarefa fácil e exigiria bastante experiência, o que Stone já tinha, afinal havia dirigido filmes como Platoon, Wall Street: Poder e Cobiça e Nascido em 4 de Julho. Restava encontrar alguém com coragem o suficiente para reviver Morrison. Para a felicidade geral, Val Kilmer, o escolhido, parece ter incorporado o espírito do mesmo xamã que Morrison afirmava ter lhe possuído quando testemunhou um acidente de caminhão envolvendo diversos índios, alguns feridos, outros mortos. Este é, provavelmente, o único papel realmente marcante de Kilmer.

O filme narra os últimos 6 anos de vida de Morrison, a começar por 1965, quando ainda estudava Cinema com Manzarek (interpretado por Kyle MacLachlan – Stone faz uma ponta em uma cena interpretando o professor deles) e conheceu Pamela Courson (Meg Ryan), quem se tornaria sua maior companheira, passando pela icônica cena na praia na qual Morrison recita trechos do então poema Moonlight Drive, impulsionando a formação da banda. Também temos o lado poético de Morrison, a execução do épico apocalíptico The End no Whisky A Go Go, o contrato com a Elektra Records, o primeiro disco, a ascensão, as drogas e o álcool, o desastre em Miami em 1969, a batalha judicial resultante e a volta por cima com L.A. Woman, tudo isto acompanhado do excelente catálogo musical da banda. As cenas que mostram os músicos noiados de LSD e a subtrama envolvendo a bruxa jornalista Patricia Kennealy (Kathleen Quinlan) são bastante apreciativas.

Porém, nem tudo são vinho e rosas. A cena em que Pamela insistentemente chama o elevador e acaba flagrando Nico, do Velvet Underground, pagando um boquete em Morrison e ambos começam a rir de sua cara é dura de engolir (com o perdão do trocadilho). Outro momento intragável envolve fogo no armário. Não creio que Morrison, ainda que em seu estado mais insano, seria capaz de tal feito. Manzarek, Krieger e Densmore não são muito bem desenvolvidos e alguns outros personagens sequer deixam claro quem realmente são.

O filme é uma biografia válida de Morrison e dos Doors? Claro que não. Trata-se da visão de um fã, de como ele imaginou aquilo tudo, já que viveu a época, mas não estava lá. E, como fã, Oliver Stone fez um ótimo trabalho. A escolha de Kilmer foi certeira e a trilha sonora não poderia ser melhor. Um filme de fã para fãs – embora muitos não tenham gostado da forma como Morrison foi retratado. Para quem não conhece muito bem a história dos Doors, recomendo os documentários No One Here Gets Out Alive, When You’re Strange e Mr. Mojo Risin’: The Story of L.A. Woman, todos oficiais e com histórias fantásticas contadas pelos próprios remanescentes do grupo e equipe.

Nota: ****

2 comentários:

  1. Após assistir pela segunda vez seguida, me acharam em baixo da cama.

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